Como faz um certo tempo que eu não relato nenhum causo, resolvi tirar da gaveta o terceiro episódio das aventuras do Sr. Fábio. Você pode relembrar a história da Edna ou, se preferir, temos a história do Osvaldo.
Hoje vou lhes contemplar com a história do Seu Barraquinha. Só o nome já é maravilhoso, né? Esse é um relato de como o trabalhador brasileiro não tem direito a descansar numa sexta-feira à noite.
Aconteceu mais ou menos em 1988, na mesma fábrica das outras duas histórias. Se tem uma coisa que eu agradeço, é pelo Sr. Fábio ter trabalhado lá. Bem, o Seu Barraquinha era pedreiro e prestava serviços de manutenção regularmente na fábrica. Até que ele se separou e ficou sem ter onde morar. Assim, o Sr. Fábio combinou de ele ir morar no quartinho da cabine primária, onde ficava a entrada de energia elétrica.

isso é uma cabine primária
E o tempo foi passando e os serviços do Seu Barraquinha começaram a ficar mais enrolados. Havia um muro que não ficava pronto nunca… Fernando, cunhado do Sr. Fábio, passou por lá numa quarta-feira e chegou a brincar: “Ê Barraca, você vai morrer e não vai terminar essa merda!”
Perdão o palavreado, só estou relatando.
Na sexta-feira, às 23 horas, o Sr. Fábio recebeu uma ligação da fábrica: o guarda estava morto no vestiário. Antes fosse somente no vestiário, ele estava era empacotado sentado na privada.

será que o vestiário ficou com fama de assombrado?
A fábrica funcionava 24 horas, e na ocasião o pessoal do terceiro turno estava com medo de trabalhar, por conta do defuntamento do Seu Barraquinha. Para evitar algazarra, o Sr. Fábio dispensou todo mundo e chamou a polícia pelo 190. Já o pessoal do 190 não gostou muito do relato: o vigia morto & sentado na privada? Insólito? Sim. Duvidoso? Também. Nunca se sabe de que forma um assassino pode querer dissimular seu crime, não é verdade? Porém, o caso foi de infarto fulminante.
Logo veio a polícia. Às 2h30, chegou o rabecão (ufa! – foram as palavras do Sr. Fábio): os funcionários da funerária estavam de chinelo e camiseta, com certeza muito felizes por trabalhar na madrugada do sábado.
Última obrigação antes de ir para casa: era necessário avisar a família. E quem tinha o contato da ex-mulher? Ninguém! O Sr. Fábio teve de esperar até às 5h30 da manhã para que o pessoal do primeiro turno chegasse. Eventualmente alguém saberia da ex. Assim foi feito e, às 9h, ela apareceu revoltada, xingando por não terem avisado antes.
A revolta sempre tem seu custo: ela caiu e teve que ir para o hospital levar ponto. Sr. Fábio pôde finalmente ir para casa descansar.
E essa é a história de como o Seu Barraquinha morreu antes do muro ficar pronto.
rindo horrores do muro inacabado
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Coitado hahaha
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